Um terremoto de magnitude 4,6 foi registrado na
Bahia, na região das cidades de Mutuípe, que fica no Vale do Jiquiriçá, e
Amargosa, no Recôncavo Baiano, na manhã deste domingo (30), segundo
cálculos do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
Moradores de várias cidades do estado, como Castro Alves, São Miguel das
Matas e Santo Antônio de Jesus, também no Recôncavo, relataram o
impacto do terremoto. Em Salvador, os tremores também foram sentidos.
Não há registro de feridos.
A reportagem entrou em contato com Aderson Nascimento, coordenador do
Laboratório de Sismologia da UFRN, que faz o monitoramento dos
fenômenos. Ele explicou que esse terremoto teve alta magnitude e também
pôde ser sentido em Salvador.
"A gente fez uma análise preliminar e esse evento maior foi registrado
pela rede mundial, foi de magnitude 4,6, a 6 km a sul para sudoeste de
Mutuípe e em Amargosa. Salvador fica a pouco menos de 100 km de Mutuípe
e, com essa magnitude, ele certamente foi sentido em Salvador.",
detalhou Aderson.
O geólogo Eduardo Menezes, que também é do Laboratório de Sismologia da
UFRN, explicou que os tremores são causados por pressões nas falhas
geológicas.
"Esses tremores ocorrem, não só na Bahia, como em outras partes do
Brasil, principalmente no Nordeste, onde a gente tem a maior
concentração de áreas sismicamente ativadas. Esses tremores ocorrem por
falhas geológicas, por pressões que atuam sobre as rochas no subsolo e
geram esses tremores que são sentidos na superfície. Quando ele ocorre
próximo a áreas urbanas, a repercussão é muito maior do que quando
ocorre em áreas remotas, a exemplo dos tremores que ocorrem no Amazonas.
Lá, além da profundidade ser muito grande, não existe população com
densidade a exemplo de Salvador, na Bahia, ou Pernambuco, ou Rio Grande
do Norte ou Ceará. Então esses tremores são exatamente originados
através desses movimentos que existem dessas falhas, que geram esses
tremores, que são sentidos pela população, detalhou.
Eduardo Menezes avaliou também que o normal é que os tremores tenham
magnitude abaixo de 3, portanto o terremoto de 4,6 registrado na Bahia é
considerado de alta magnitude.
"Em uma magnitude dessa ordem, de 4,6, que é o que a gente tem registro,
ele realmente assusta e pode chegar a derrubar alguns objetos de
prateleira, pode sentir vibrações em telhados e janelas. É normal que as
pessoas se assustem. Não são comuns frequências de tremores nessa
grandeza. A maioria dos tremores que ocorrem aqui no Nordeste do Brasil,
em geral, são de magnitude abaixo de 3", detalhou Eduardo.
Aderson Nascimento disse ainda que o Serviço Geológico Americano também
registrou o fenômeno, além de outras instituições brasileiras.
"Esse evento sísmico, esse terremoto, foi registrado em todas as
estações da rede sismográfica do Brasil, que é uma rede que possui apoio
do Serviço Geológico Brasileiro, operada por instituições de
universidades de pesquisa aqui no Brasil, que são a USP, o Observatório
Nacional, a UnB [Universidade de Brasília] e a UFRN. No caso da UFRN,
ela tem a incumbência de operar redes que estão situadas no Nordeste do
Brasil.
No site do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP),
constam dois registros de terremotos nas regiões de Amargosa e São
Miguel das Matas, com magnitudes de 4,2 e 3,7 respectivamente.
De acordo com a Defesa Civil Estadual, a prefeitura de São Miguel das
Matas está fazendo o levantamento das casas que foram afetadas com
rachaduras por causa do tremor de terra. Até o início da tarde deste
domingo, mais de 50 casas, na zona rural, tiveram rachaduras detectadas.
Fonte: G1 BA
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