O estudo clínico do Laboratório Nacional de
Biociências sobre o uso do medicamento nitazoxanida - conhecido
comercialmente como Annita- em pacientes na fase precoce da Covid-19
demonstrou eficácia no tratamento da doença, reduzindo a carga viral das
pessoas infectadas. O anúncio ocorreu durante cerimônia no Palácio do
Planalto, na tarde desta segunda-feira (19), com a participação do
presidente Jair Bolsonaro.
A pesquisa foi iniciada pelo Laboratório Nacional de Biociências, em
Campinas (SP), instituto vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI). O titular da pasta, ministro Marcos Pontes, celebrou o
resultado positivo.
"O que eu posso dizer é que nós temos agora um medicamento comprovado
cientificamente que é capaz de reduzir a carga viral. Com essa redução
da carga viral, significa que reduz o contágio nas pessoas que tomam o
medicamento nos primeiros dias, reduz a capacidade de contágio e diminui
a probabilidade dessa pessoa aumentarem os sintomas, ir para o hospital
e falecer", disse.
O pontapé da pesquisa foi dado com a análise de 2 mil drogas, testadas
com inteligência artificial, para verificar se poderiam inibir os
efeitos do vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19 no organismo humano.
Os estudos no Laboratório Nacional de Biociências chegaram a cinco
drogas, que foram para uma segunda fase, que era o teste in vitro feito
com células humanas infectadas. Neste teste, o fármaco nitazoxanida, que
é um vermífugo muito conhecido no país, apresentou 94% de capacidade de
inibir o novo coronavírus.
Testes em humanos
Foi só após estas etapas que os testes em humanos foram iniciados, com
mais de 1,5 mil pacientes voluntários, que tinham até três dias de
sintomas e foram acompanhados em sete diferentes unidades hospitalares
do país.
Nesta fase, de acordo com a coordenadora do estudo clínico, Patrícia
Rocco, foram feitos testes duplo cego, quando nem o paciente e nem o
médico sabem qual a medicação está sendo tomada, e randomizados, quando
os pacientes são distribuídos aleatoriamente em dois grupos, um que
recebe o medicamento e outro que recebe um placebo. A dose oferecida era
de 500 miligramas da nitazoxanida, três vezes ao dia, ou o placebo
durante cinco dias.
"Esses pacientes eram acompanhados de forma remota até sete dias após a
terapia. Constatamos que a nitazoxanida, em comparação com o placebo,
acarretou, ao final da terapia, redução significativa da carga viral e
um maior número de pacientes com resultado negativo para o Sars-Cov-2",
disse a médica, que é professora titular e chefe do Laboratório de
Investigação Pulmonar do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo Patrícia, esse resultado é de extrema importância, pois a
nitozoxanida é um remédio de baixo custo e ampla distribuição, podendo
ser usada de forma oral, e que não precisa de internação hospitalar. Na
dose utilizada, não apresentou reações adversas graves. A redução da
carga viral implica em menor gravidade, em menor transmissibilidade do
vírus", disse Patrícia. A pesquisadora ressaltou que o estudo foi
enviado para publicação em uma revista científica internacional e deverá
ser revisado por outros cientistas.
Não é profilático
O ministro Marcos Pontes disse, durante seu discurso, que o medicamento
não pode ser usado por quem não apresenta sintomas da doença, mas apenas
para pessoas na fase inicial da infecção. "Não é profilático, não é
para prevenção. É só depois da detecção do vírus", disse.
O presidente Jair Bolsonaro também comemorou o resultado da pesquisa e
destacou a eficácia da nitazoxanida no tratamento da Covid-19.
"Através das observações, através de pessoas que concretamente usaram
esse medicamento e foi constatado, na ponta da linha, que a carga viral
diminuía. E dessas pessoas que usaram esse medicamento, nenhuma delas
sequer foi hospitalizada", afirmou.
Vacina obrigatória
Ainda durante a cerimônia, o presidente voltou a dizer que a vacina
contra a Covid-19 não será obrigatória no Brasil. Bolsonaro afirmou que
cabe ao Ministério da Saúde definir as normas do Programa Nacional de
Imunização.
"Tem uma lei de 1975 que diz que cabe ao Ministério da Saúde o Programa
Nacional de Imunização, ali incluídas possíveis vacinas obrigatórias. A
vacina contra a Covid, como cabe ao Ministério da Saúde definir esta
questão, ela não será obrigatória", disse. O presidente também afirmou
que qualquer vacina contra o vírus terá que ter sua eficácia científica
comprovada e ser autorizada previamente pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fonte: Agência Brasil
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