Justiça encerra inquérito contra Bonner e Renata Vasconcellos após censura no caso da rachadinha
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| Bonner e Renata Vasconcellos são investigados por suposta notícia-crime protocolada por Flávio Bolsonaro (Reprodução) |
A Justiça do Rio de Janeiro encerrou no dia 21 de janeiro o inquérito
que investigava os apresentadores do Jornal Nacional, da TV
Globo, William Bonner e Renata Vasconcellos. O procedimento
havia sido aberto na Delegacia de Repressão aos Crimes de
Informática a partir de notícia-crime apresentada pelo senador
Flávio Bolsonaro (Republicanos).
O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alegou que os
O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alegou que os
jornalistas haviam cometido crime de desobediência porque teriam
supostamente descumprido decisão judicial que proibia a TV Globo
de exibir em suas reportagens documentos sigilosos de investigações
envolvendo o caso da "rachadinha".
O descumprimento, segundo a defesa de Flávio, teria ocorrido no
O descumprimento, segundo a defesa de Flávio, teria ocorrido no
início de novembro, quando a emissora noticiou o oferecimento de
denúncia contra ele. O senador é acusado de ter chefiado um
esquema de devolução de salários em seu gabinete na Assembleia
Legislativa do Rio quando deputado estadual.
Em sua decisão, a juíza Maria Tereza Donatti, do 4° Juizado Especial
Em sua decisão, a juíza Maria Tereza Donatti, do 4° Juizado Especial
Criminal, afirmou que o trancamento do inquérito é necessário
para "restaurar a normalidade e resguardar o livre exercício da
imprensa".
"Os pacientes [Bonner e Renata] noticiaram a propositura de ação
"Os pacientes [Bonner e Renata] noticiaram a propositura de ação
penal em face do senador da República Flavio Nantes Bolsonaro, por
crimes cometidos no exercício de seu mandato como deputado
estadual, sendo evidente o interesse público na hipótese", escreveu.
Donatti ressaltou que a determinação anterior do Tribunal de Justiça
Donatti ressaltou que a determinação anterior do Tribunal de Justiça
impedia a veiculação de informações apenas na fase investigatória, e
não na judicial, com o oferecimento da denúncia.
A magistrada também indicou uma série de irregularidades na conduta
A magistrada também indicou uma série de irregularidades na conduta
do delegado que conduziu o inquérito, Pablo Dacosta Sartori.
"Conforme o dito popular, 'pau que nasce torto, morre torto'. Logo no
"Conforme o dito popular, 'pau que nasce torto, morre torto'. Logo no
início, nada justificava a instauração do procedimento na Delegacia
Especializada de Repressão aos Crimes de Informática", escreveu.
A juíza ressaltou que, mesmo que tivesse ocorrido desobediência, a
A juíza ressaltou que, mesmo que tivesse ocorrido desobediência, a
delegacia não teria atribuição para agir diante dos fatos, já que foi
criada para apurar infrações envolvendo computadores, e não
televisão.
Além disso, Donatti afirmou que causou estranhamento que a própria
Além disso, Donatti afirmou que causou estranhamento que a própria
autoridade policial tenha se colocado como "testemunha do fato" no
registro da ocorrência.
Segundo ela, o caso não previa a instauração de inquérito policial
Segundo ela, o caso não previa a instauração de inquérito policial
porque o suposto crime é de menor potencial ofensivo. Assim, deveria
ter sido remetido ao Juizado Especial Criminal, como estão
habituados os delegados.
Em dezembro, o delegado Sartori intimou Bonner e Renata para
Em dezembro, o delegado Sartori intimou Bonner e Renata para
depor. A decisão foi derrubada poucos dias depois por Donatti, que
avaliou que a decisão da autoridade policial poderia ter "caráter
político e violador da liberdade de imprensa".
A determinação, segunda a magistrada, foi ignorada por Sartori. Ainda
A determinação, segunda a magistrada, foi ignorada por Sartori. Ainda
na sentença proferida em janeiro, ela diz que o delegado relatou o
inquérito informando que os pacientes "foram intimados para serem
ouvidos, mas optaram em não comparecer", quando, na
verdade, foram desobrigados pela decisão judicial.
Fonte: Folhapress
Fonte: Folhapress

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