"Nós temos que falar alto e denunciar", diz Maria da Penha após repercussão do caso DJ Ivis

Maria da Penha comanda Instituto que leva seu nome (Foto: MAURI MELO/O POVO)
Em 16/07/2021 às 10:00
Maria da Penha, precursora da Lei especializada na proteção
de vítimas de violência doméstica, comentou sobre o caso das
agressões de DJ Ivis contra a ex-mulher Pamella Holanda. Em
entrevista à Rádio O POVO CBN nessa quinta-feira, 15, a
ativista ressaltou a importância de denunciar a violência
doméstica e trabalhar para evitar que casos como esses
aconteçam.
"Antes era mais aceitável, as mulheres tinham que se recolher,
tinham que sofrer caladas. Hoje, isso não é mais possível. Nós
temos que falar alto, procurar denunciar", afirmou Maria
da Penha durante o programa Papo de Mulher, apresentado
por Maísa Vasconcelos.
A farmacêutica comentou sobre o caso mais recente de violência
doméstica que tomou proporções nacionais com o envolvimento
de DJ Ivis. O artista foi preso na noite da quarta-feira, 14, de
forma preventiva, após agressões a sua ex-esposa, Pamella
Holanda. Ele é investigado por lesão corporal no âmbito da
violência doméstica e familiar.
A Justiça determinou a detenção do músico cerca de 24 horas
após pedido da Polícia Civil, que alegou a necessidade da medida
com base na Lei da Garantia da Ordem Pública. O caso teve
repercussão após Pamella divulgar, no domingo, 11, os vídeos
de câmeras de segurança em que aparece sendo agredida diversas
vezes pelo DJ.
As crianças
Em um dos trechos, a influenciadora digital é agredida na frente
da filha de nove meses, fruto do relacionamento entre os dois.
Maria da Penha ressaltou que é preciso trabalhar também na
educação de crianças que presenciam esse tipo de violência.
"Quando é um pouquinho maio já entende, porque já viu o pai
bater na mãe, já viu o pai empurrar a mãe e destratar. Se essa
criança não entender que isso é errado, ela vai crescer e vai
reproduzir o que ela viu", explica. O objetivo é impedir que
um ciclo de violência se perpetue, com a normalização da
violência doméstica. Caso Stefhani Brito
O ato de denunciar também é um ponto levantado por Rosa
Brito, mãe de Stefhani Brito, vítima de feminicídio em
2018. "Se você vê uma agressão verbalmente já tem que
fazer uma denúncia, já tem que procurar uma forma de se
defender, porque, mais tarde, pode vir a acontecer o
que aconteceu com minha filha", relata a mãe.
Stefhani Brito tinha 22 anos de idade e foi morta pelo
ex-companheiro. Na época do crime, em janeiro de 2018, os
moradores do bairro Mondubim presenciaram um homem
transitando com a vítima durante horas pelas ruas do
local, nas proximidades da lagoa da Libânia, onde o corpo
foi abandonado.
Rosa Brito afirma que a família chegou a ver marcas de
agressões no corpo da jovem, mas Stefhani sempre
desconversava. "Acho que minha filha na época foi
torturada dessa forma (como Pamella) porque ela não
falava pra gente, mas a gente via uma manchinha no
corpo. A gente perguntava e ela se omitia", afirma a mãe.
Fonte: O Povo
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