Aneel autoriza reajuste de tarifa de três térmicas por alta dos combustíveis

Usina termoelétrica de Araucária, no Paraná (Foto: Copel)
Em 09/10/2021 às 08:00
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou nesta
sexta-feira (8) a elevação dos custos de geração de energia de três
térmicas no país para repasse do aumento dos preços dos
combustíveis no Brasil e no exterior.
Movida a gás natural, a térmica Araucária, no Paraná, passará
a receber R$ 2,553,20 por MWh (megawatt-hora) gerado, se
tornando a usina mais cara do país. As térmicas Potiguar
1 e 3, a óleo diesel, tiveram seus preços alterados para
R$ 1.379,89.
A elevação dos custos das usinas pressiona ainda mais a tarifa
de energia em meio a um cenário de inflação de dois dígitos
e mercado de trabalho ainda sofrendo os efeitos da
pandemia. A fatura é dividida entre todos os consumidores
de eletricidade do país.
Desde setembro, o consumidor vem pagando a bandeira de
escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 a cada 100
kWh (quilowatts-hora) consumidos para ajudar a bancar a
elevada geração térmica necessária para poupar água
nos reservatórios das hidrelétricas.
Em seu pedido à Aneel, a térmica Araucária alegou que
a Petrobras ameaça interromper o suprimento de gás porque
o preço pago não é suficiente para cobrir o custo de importação
do combustível. A estatal é acionista do projeto,
controlado pela companhia paranaense Copel.
Com a disparada da cotação internacional do gás, a Araucária
já teve 10 reajustes de tarifa desde março, quando vendia
energia a R$ 652,60 por MWh. A alta acumulada no período,
portanto, é de 291%. Com o último reajuste, ela passa a usina
William Arjona, no Mato Grosso do Sul, como a mais cara
do país.
Já as usinas Potiguar 1 e 3 pediram recomposição tarifária
pela alta recente do preço do diesel, que sofreu novo reajuste
nas refinarias na semana passada. A nova tarifa autorizada
pela Aneel representa aumento de quase 40% em relação
aos valores atuais e valerá até o dia 31 de dezembro de 2021.
Em ambos os casos, os aumentos refletem a crise energética
internacional, que está impulsionando as cotações
internacionais do petróleo e do gás natural, e a
desvalorização do real frente ao dólar, que pressiona ainda
mais os preços internos dos combustíveis.
O petróleo está sendo negociado acima dos US$ 80
(cerca de R$ 440) por barril, nos maiores patamares desde
2018. Já o gás natural vem batendo sucessivos recordes
diante de um descompasso entre oferta e demanda
aquecida pela chegada do inverno no hemisfério norte
e pela falta de carvão na China.
Com a seca sobre os reservatórios das hidrelétricas, as
térmicas respondem atualmente por cerca de um quarto
da geração de energia no país, o que justificou a adoção
da bandeira de escassez hídrica, que ficará em vigor até
abril de 2022 substituindo a bandeira vermelha nível 2,
de R$ 9,49 por 100 kWh.
A tendência é que essa fonte, mais cara e poluente, continue
tendo peso relevante na matriz: este mês, o governo realiza
leilão para contratação emergencial de térmicas por cinco
anos, para garantir o suprimento em 2022 e recuperar o nível
dos reservatórios nos anos seguintes.
Fonte: O Tempo
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