Brasil vota a favor, mas Rússia veta resolução da ONU contra invasão

Militares ucranianos montam em tanques em direção à linha de frente das forças russas na região de Lugansk, na Ucrânia, nesta sexta-feira (25) (Foto: Anatolii STEPANOV/AFP)
Em 26/02/2022 às 08:00
O Brasil votou a favor da resolução do Conselho de Segurança da ONU que condena o ataque da Rússia ao território da Ucrânia, na reunião do colegiado nesta sexta-feira (25), em Nova York (EUA). Foram 11 votos favoráveis, 1 contrário - da Rússia - e três abstenções - China, Índia e Emirados Árabes Unidos.
Como a Rússia, por ser um dos cinco países com assento permanente no Conselho, tem poder de veto, a resolução não foi aprovada.
Em um discurso moderado, o representante do Brasil no Conselho de Segurança, o embaixador Ronaldo Costa Filho, condenou a invasão das tropas russas à Ucrânia.
"Devemos buscar espaço para o diálogo enquanto garantimos que a invasão de um território soberano seja inaceitável. Estamos preocupados com a decisão da Rússia de começar com operações militares em solo ucraniano e ameaçar a vida da população. Mantemos que ameaças não vão levar a um acordo final. A ação militar vai minar a fé na lei internacional e colocar a vida de milhões sob ameaça, disse.
Na mesma fala, Costa Filho pediu o total fim da hostilidades e a retomada das negociações diplomáticas. Precisamos de negociações para solucionar a crise. O equilíbrio na Europa não dá à Rússia o direito de ameaçar a soberania da Ucrânia ou de qualquer outro país.
A resolução foi elaborada pelos Estados Unidos e pela Albânia e além de condenar a guerra iniciada pela Rússia, defende fortes sanções econômicas contra o país liderado por Vladimir Putin. Também pede que a Rússia retire imediatamente as tropas do território ucraniano e que seja facilitado o acesso à ajuda humanitária por parte da população local.
No discurso de abertura da reunião desta sexta-feira (25), a representante dos Estados Unidos classificou o conflito como uma guerra injustificada, não-provocada.
É uma guerra escolhida, a Rússia escolheu invadir o seu vizinho e infligir sofrimento ao povo ucraniano e ao seu próprio povo. Violar a soberania da Ucrânia, a lei internacional e a carta das Nações Unidas, disse.
Em coordenação com nossos aliados e parceiros, estamos impondo severas medidas com custos econômicos, impacto imediato, controle de exportações. Vai impedir o acesso da Rússia à tecnologia e minar a ambição estratégica de influenciar o palco do mundo, complementou.
Bolsonaro segue hesitando
Desde o início da invasão à Ucrânia, o presidente Jair Bolsonaro ainda não se manifestou oficialmente sobre o conflito. Ele tem sido cobrado por militares e diplomatas brasileiros a condenar a ação feita pelo governo russo, mas tem se mantido em silêncio. Já o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota pedindo uma solução pacífica e diplomática para a questão.
Na semana passada, dias antes de Vladimir Putin ordenar o ataque à Ucrânia, Jair Bolsonaro visitou o presidente russo e se disse solidário a Putin. A afirmação teve repercussão negativa no Ocidente e chegou a ser criticada pela Casa Branca.
Fonte: O Tempo
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