Pesquisa desenvolvida na UFCA descobre substâncias que potencializam a ação de antibióticos
Foto: Claudener Souza Teixeira
Em 26/02/2022 às 07:30
Uma pesquisa realizada pelo professor Claudener Souza Teixeira, através do Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB), da Universidade Federal do Cariri (UFCA), descobriu que um grupo de proteínas isoladas de plantas da Chapada do Araripe tem a capacidade de potencializar a ação de antibióticos. A descoberta foi submetida ainda em fevereiro, ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), para ser patenteada.
Além do professor, estão como inventores da patente Valdenice Ferreira dos Santos, estudante de mestrado na época da pesquisa e hoje doutoranda da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e Henrique Douglas Melo Coutinho, professor da Universidade Regional do Cariri (Urca). O estudo também teve o investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
De acordo com o pesquisador Claudener Souza, em virtude do uso indiscriminado de antibióticos, algumas bactérias desenvolveram resistência a certas dosagens e tipos desse medicamento. Por isso, em determinados tratamentos, é preciso aumentar a dose ou utilizar um antibiótico mais forte para que tenha efeito, podendo gerar reações adversas no corpo humano e a resistência das bactérias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2050, se nada for feito, os antibióticos de uso comum estarão ineficazes para boa parte das bactérias e isso é um grande problema mundial. Se nada for feito, uma grande parcela dos antibióticos perderão a sua eficácia, ressaltou o pesquisador.
De acordo com a UFCA, junto com a equipe, Claudener descobriu que as lectinas, um tipo de proteína, poderiam potencializar os efeitos de antibióticos da classe dos aminoglicosídeos. A gente percebeu que esse antibiótico sozinho tinha o efeito com uma concentração x. E, quando a gente administrava em conjunto com a proteína, a proteína potencializava o efeito do antibiótico cerca de 80 vezes, concluiu o professor.
Segundo Claudener Teixeira, o uso de uma dose bem menor do antibiótico pode reduzir consideravelmente os efeitos adversos em pacientes, principalmente naqueles que já têm comorbidades.
A pesquisa desenvolvida também descobriu que as proteínas podem ser usadas como biossensores, que identificam os níveis de antibióticos presentes em carnes e leite. Se você consome carne e leite com antibiótico, também traz problemas no seu corpo. Essa proteína interage com alguns antibióticos. Dessa forma, será possível criar um biossensor para avaliar a qualidade das carnes e dos leites consumidos, explicou Claudener.
O processo de confirmação de patente pode durar mais de dois anos, de acordo com o coordenador de Inovação da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPI) da UFCA, Elias Pereira, com a submissão, a invenção já está protegida. Se a patente for concedida, tem duração de dez anos, e a universidade pode solicitar a prorrogação por mais dez anos.
Por Yanne Vieira
Miséria.com.br
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