Morte de Marielle ocorreu para proteger interesses de milícias, diz PGR
A Procuradoria-Geral da República (PGR) concluiu que o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018, foi executado para proteger interesses econômicos de milícias e desencorajar atos de oposição política.A conclusão está na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os irmãos Brazão, presos em março de 2024, acusados de serem mandantes do crime. Durante as investigações, o ex-policial Ronnie Lessa assinou acordo de delação premiada e assumiu ter cometido os assassinatos.
No início da noite dessa quinta-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, retirou o sigilo do documento. O documento aponta que o trabalho da vereadora a favor da regularização de terras, para pessoas de menor renda, provocou animosidade com o grupo dos irmãos Brazão. As áreas estavam em terrenos dominados por milícias no Rio de Janeiro.
"Marielle se tomou, portanto, a principal opositora e o mais ativo símbolo da resistência aos interesses econômicos dos irmãos. Matá-la significava eliminar de vez o obstáculo e, ao mesmo tempo, dissuadir outros políticos do grupo de oposição a imitar-lhe a postura", afirmou a PGR.
A denúncia também destaca que o ex-chefe da Policia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, preso por determinação do STF, deu orientações para realização dos disparos.
O que diz a defesa dos acusados
Em nota encaminhada ao portal de notícias Agência Brasil, a defesa de Chiquinho Brazão disse que ainda não teve acesso à denúncia apresentada pela PGR, bem como ainda não conhece os termos das delações no caso. A defesa só irá se manifestar após o relator do caso permitir que a defesa conheça todos os elementos produzidos pela investigação.
A defesa de Domingos Brazão também informou não terem tido acesso à denúncia. A defesa constituída ainda não teve acesso à acusação e tampouco às colaborações. Porém, ao julgar pelas notícias, a narrativa acusatória é uma hipótese inverossímil, que se ampara somente na narrativa do assassino confesso [Ronnie Lessa], sem apresentar provas que sustentem a versão do homicida, anunciou.
A defesa do ex-chefe da Policia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, também afirmou que ainda não tiveram acesso aos documentos da PGR. Eles acrescentaram que causou estranheza à defesa o fato de nenhum dos investigados terem sido ouvidos antes da denúncia. "A narrativa de um réu confesso de homicídio [Ronnie Lessa] parece mais importante do que o depoimento de um delegado de Polícia com mais de 20 anos de excelentes serviços à segurança pública do Rio de Janeiro, que sequer teve a chance de expor sua versão sobre os fatos antes de ser denunciado", afirmou defesa em nota.
Por Cícero Dantas
Miséria.com.br

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