Assim como em 2019, o Ceará ficou na 13ª posição no
ranking nacional de inovação elaborado pela Federação das Indústrias do
Estado do Ceará (Fiec) em 2020. No Nordeste, o Estado ficou na 3ª
colocação, atrás de Pernambuco (11º) e da Paraíba (12º), segundo o
Índice Fiec de inovação dos estados. No entanto, os demais indicadores
sinalizam a formação de um ambiente promissor que deve fazer o Estado
avançar nos próximos anos.
No ranking de "capacidades", que avalia o ambiente para inovação dos
estados, o Ceará ficou na 11ª posição, e no ranking de "resultados", que
avalia a inovação em si, o Estado ficou na 13ª colocação.
Apesar da melhora no ranking de capacidades, passando da 13ª colocação
em 2019 para a 11ª posição neste ano, o Ceará manteve o 13º lugar tanto
no ranking de resultados como no ranking geral. Para a Fiec, essa
discrepância demonstra "uma aptidão ociosa do Ceará, uma capacidade
maior que seu real desempenho, e que poderia estar sendo mais bem
aproveitada para a efetividade de inovação".
Embora o Ceará não tenha avançado em termos gerais, o economista
Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria da Fiec, destaca
a qualidade da pós-graduação, da participação de mestres e doutores na
indústria e da produção científica. No entanto, ele diz que a indústria
local não se beneficia completamente do potencial da produção acadêmica.
"A qualidade das instituições tem evoluído muito nos últimos anos, mas a
gente não consegue traduzir isso em resultado", diz. "Os nossos mestres
e doutores não têm conseguido aumentar o número de patentes no Estado, o
que nos deixa na 19ª colocação no item 'propriedade intelectual'. Além
disso, estamos apenas na 23ª posição quanto à competitividade global dos
setores tecnológicos, porque a nossa indústria ainda é muito
concentrada em setores de baixa tecnologia".
Produção científica
De acordo com o estudo, o Ceará ficou na 10ª posição tanto em "produção
científica" como em "inserção de mestres e doutores na indústria". No
quesito "qualidade da pós-graduação", ficou em 11º e em "qualidade da
graduação", em 16º. Para Muchale esses indicadores poderão ter reflexo
no resultado geral dos próximos anos. "Como a capacidade de inovação do
Estado está em uma melhor posição, é possível que haja um ganho no
futuro. Fica mais fácil alavancar porque já há uma base de ciência e
tecnologia no Estado. E isso nos deixa otimista".
Ciência e tecnologia
Com relação aos investimentos públicos em ciência e tecnologia, o Ceará
aparece na 14ª colocação no País e na 5ª posição no Nordeste. O
indicador considera as despesas com ciência e tecnologia como
porcentagem das despesas totais. "O investimento público em educação não
tem trazido o mesmo ganho dos investimentos do setor privado", diz
Muchale.
Para o economista, a atração de mestres e doutores para a iniciativa
privada tem sido um dos desafios para alavancar a inovação no Estado.
"Essas capacidades seriam intensificadas com a inclusão dessas pessoas
no setor privado, que apresenta uma maior capacidade para o
desenvolvimento da inovação, transformando com mais velocidade
conhecimento em riqueza. E o Ceará tem uma situação fiscal que favorece
esses investimentos", diz.
Para a Fiec, ao criar um ambiente propício por meio de investimentos, "o
setor público pode ser altamente eficaz em mitigar" incertezas e
estimular o setor privado a investir em inovação. "Parte fundamental
desse apoio se dá por meio do investimento público em Ciência e
Tecnologia (C&T), o qual funciona como catalizador do investimento
privado, atraindo novos atores e compartilhando os riscos inerentes ao
processo".
Infraestrutura
Além dos investimentos diretos em ciência e tecnologia, Muchale diz que
empreendimentos como a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) é de
extrema importância para o aumento da competitividade e desenvolvimento
de áreas relacionadas à inovação, já que proporciona um intercâmbio e
concorrência com mercados mundiais.
"A ZPE traz uma competitividade autêntica, sendo um vetor de
desenvolvimento muito importante para o Estado. Mas, para isso, a gente
precisa atrair indústrias intensivas em inovação e tecnologia. A gente
já tem uma academia com robustez técnica, o que precisamos agora é de
integração".
No quesito "infraestrutura e inovação", o Ceará ficou na 11ª colocação
no Brasil e na 3ª posição do Nordeste, atrás de Pernambuco (8º) e
Sergipe (9º). "O Ceará está bem na parte de infraestrutura de
tecnologia, mas ainda está mal no que se refere a parques tecnológicos",
diz Muchale.
Fonte: Diário do Nordeste
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