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primeiras sessões de julgamento

Julgamento de Bolsonaro vira disputa PL x PT nas redes sociais de parlamentares do Ceará

Foto: Reprodução

Os dois primeiros dias de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos demais réus que integram o "núcleo 1" da tentativa de golpe de Estado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) teve uma repercussão restrita entre os parlamentares cearenses.

As publicações foram feitas, de forma majoritária, pelos partidos que protagonizam a mais recente polarização política no País: o PL, de Bolsonaro, e o PT, do presidente Lula (PT). Parlamentares de partidos como o União Brasil e Novo — apoiadores do ex-presidente — e do Psol — contrários a Bolsonaro — também falaram sobre o julgamento do Supremo.

Do lado bolsonarista, pedidos de oração por Jair Bolsonaro, a presença da hastag "#BolsonaroFree" e questionamentos sobre a imparcialidade dos ministros do STF, inclusive com críticas ao relator da ação penal, Alexandre de Moraes, dominaram o discurso digital dos parlamentares cearenses.

As falas do perito Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na Comissão de Segurança Pública do Senado, também foram usadas por bolsonaristas cearenses — seguindo estratégia puxada pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos).

Do outro lado, petistas e psolistas reforçaram o caráter "histórico" do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e defenderam a importância do momento para a defesa à democracia no País.

Também houve a repercussão de falas do procurador-geral da República, Paulo Gonet, responsável pela acusação dos réus, e dos ministros do Supremo, Alexandre de Moraes e Carmén Lúcia — ela defendeu as urnas e o processo eleitoral, ao rebater faça do advogado do réu Alexandre Ramagem, Paulo Cintra.

A repercussão, no entanto, não dominou as casas legislativas cearenses nem a bancada cearense no Congresso Nacional. Levantamento realizado pelo PontoPoder mostra que poucos parlamentares — entre senadores, deputados federais e estaduais ou vereadores de Fortaleza — se manifestaram sobre o assunto.

Entre os cearenses no Senado Federal, apenas Eduardo Girão (Novo) falou sobre os dois primeiros dias de julgamento de Bolsonaro. Na bancada do Ceará na Câmara dos Deputados, o assunto foi repercutido por apenas cinco parlamentares — com deputados tanto do PL como do PT preferindo não publicar nada sobre o tema.

Na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), o assunto chegou a tribuna do Plenário, inclusive com embate entre bolsonaristas e petistas. Contudo, também acabou ficando restritos a estes dois grupos, com poucos parlamentares falando sobre o julgamento no STF — mesmo nas redes sociais, o assunto esteve ausente nos perfis de deputados estaduais e vereadores de Fortaleza.
Congresso Nacional

Líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT) fez diversas publicações, tanto na terça (2) ou quarta (3) — dias das quatro primeiras sessões de julgamento, quando foram feitas as sustentações orais da Procuradoria Geral da República e da defesa dos réus.

"Dia histórico para a democracia brasileira. Dois momentos marcam a história da democracia. A promulgação da carta em 1988 e hoje o julgamento do comando golpista de 08 de janeiro de 2023", disse o deputado cearense por meio do X (antigo Twitter), pouco antes do julgamento iniciar na terça-feira.

O parlamentar também repercutiu falas do ministro Alexandre de Moraes e do procurador-geral Paulo Gonet, além de pontuar que o julgamento representa uma "verdadeira vitória da democracia".

Luizianne Lins (PT) seguiu discurso semelhante e chamou o julgamento de "marco da justiça do Brasil e da luta contra o bolsonarismo e os golpistas".

A deputada federal, que está na Itália para missão humanitária na Faixa de Gaza, também repercutiu falas de Alexandre de Moraes e criticou articulações para tentar aprovar anista ao ex-presidente.

Forte aliado de Bolsonaro, o deputado federal André Fernandes (PL) postou foto ao lado do ex-presidente, que estaria sendo "injustiçado". O parlamentar também publicou vídeo em que compara o julgamento do presidente Lula — que teve as condenações anuladas em 2021 — e aquele do qual Bolsonaro é réu agora.

Colegas de bancada de Fernandes, Dr. Jaziel (PL) e Dayany Bittencourt (União) também postaram fotos ao lado de Bolsonaro. "É angustiante, para milhões de brasileiros, ver alguém sendo desrespeitado em um julgamento tendencioso", disse Dayanny.

"Mais um dia de luta para a nossa Nação, mais um dia de guerra do bem contra o mal, da justiça contra a injustiça, mas cremos no poder soberano de Deus para mudar roteiros, e é n’Ele onde depositamos esperança", diz publicação colaborativa de Dr. Jaziel e da deputada estadual Dra. Silvana (PL).

Único a se manifestar entre os senadores, Eduardo Girão (Novo) preferiu compartilhar a publicação de colegas parlamentares ou de defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Um deles foi o próprio filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, que repercutiu as falas de Eduardo Tagliaferro. No vídeo, o próprio Girão aparece fazendo perguntas ao ex-assessor do TSE.

Os demais senadores e deputados federais da bancada cearense, inclusive a senadora Augusta Brito (PT) e os deputados José Airton Cirilo (PT) e Matheus Noronha (PL), não se manifestaram sobre o assunto.

Assembleia Legislativa do Ceará

A exemplo da bancada congressista, a repercussão do julgamento no STF ficou restrita a parlamentares mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou à esquerda, principalmente deputados estaduais do PT e Psol.

Alcides Fernandes (PL), por exemplo, citou a oitiva do ex-assessor de Alexandre de Moraes no Senado, dizendo que o ministro persegue Bolsonaro e bolsonaristas. Ele também compartilhou o vídeo do filho, o deputado federal André Fernandes.

A deputada estadual Dr. Silvana (PL) fez publicação compartilhada com o marido, deputado federal Dr. Jaziel, em que aparece ao lado de Bolsonaro. "Querido Presidente, o senhor não está sozinho. Estamos em oração pela sua vida e pelo Brasil", disse.

O deputado estadual em exercício David Vasconcelos (PL) também publicou vídeo em apoio ao ex-presidente. "Estamos juntos presidente Jair Bolsonaro. Seguiremos fazendo nossa parte independente desse julgamento absurdo", defendeu.

Licenciado, Carmelo Neto (PL) disse que o julgamento é "símbolo da perseguição política no Brasil", narrativa que tem sido usada por diversos aliados do ex-presidente. A publicação usou ainda a hastag "#BolsonaroFree".

Em publicação nos stories, Sargento Reginauro (União) fez a defesa de Bolsonaro e criticou o atual presidente, Lula, principal adversário político do ex-mandatário.

"É lamentável que nós tenhamos hoje o Brasil presidido por um homem que foi condenado em três instâncias pelo maior crime, o maior escândalo de corrupção da história está solto e presidindo a nação. E na contramão disso tudo nós temos um ex-presidente preso, em prisão domiciliar, que até agora não se conseguiu comprovar nenhum crime concreto sobre o mesmo", alegou.

Deputados estaduais do PT também falaram sobre esse assunto, mas enfatizando as acusações contra Bolsonaro e também o aspecto "histórico" do julgamento. De Assis Diniz (PT) e Júlio César Filho (PT) levaram o assunto para a tribuna da Alece.

"Que fique claro: não há democracia sem verdade, sem justiça e sem responsabilidade. Que a nossa bandeira seja, sempre, a defesa intransigente da democracia e da nossa soberania nacional", reforçou Júlio César.

Líder do Governo Elmano de Freitas na Alece, Guilherme Sampaio (PT) fez diversas publicações sobre o assunto — desde sugestão de "look para ver o Bolsonaro sendo julgado", com peças vermelhas e fazendo referências ao PT, até falas do presidente Lula sobre o julgamento de Bolsonaro. O parlamentar acrescentou ainda: "O Brasil não quer mais pessoas assim no poder. O Brasil não quer golpe! O Brasil quer Democracia!", escreveu.

Larissa Gaspar (PT) e Léo Suricate (Psol) também fizeram publicações em tom humorístico sobre o julgamento. "Prepare a pipoca... Começa hoje", publicou a deputada estadual na manhã da terça. Gaspar também repercutiu falas do procurador-geral Paulo Gonet e criticou articulação pela anistia no Congresso Nacional.

O deputado estadual em exercício do Psol publicou carrossel de memes sobre o assunto: "1 golpista X 11 ministros do STF", diz um deles. Suricate também levou o tema para a tribuna da Alece.


Câmara Municipal de Fortaleza

Na CMFor, bolsonaristas e petistas novamente protagonizaram o embate em torno do julgamento no STF. No entanto, na Casa, também houve quem criticasse os dois lados da polarização política.

"Agora mesmo nós passamos 40 minutos em troca de acusações entre a turma do Bolsonaro e a turma do Lula. E é engraçado que os argumentos são parecidos", disse o vereador Gardel Rolim (PDT), em referência a defesa de "parcialidade" levantados tanto no período em que Lula foi processado como agora, com Bolsonaro sendo réu no STF.

"Se os dois principais polos acusam a Justiça de ser parcial, alguma coisa tá errada", disse na sessão de terça, cujo vídeo foi publicado pelo parlamentar nas redes sociais.

Na mesma sessão plenária, vereadores do PL, PT e Psol usaram o tempo de discurso para falar sobre o julgamento — o que também foi compartilhado para os seguidores digitais.

"Hoje é um dia histórico para a democracia brasileira. Jair Bolsonaro começa a ser julgado por tentativa de golpe. Mas a história também cobra justiça pela pandemia: negacionismo, atraso na compra de vacinas e incentivo a aglomerações. O resultado: mais de 700 mil vidas perdidas no Brasil", disse o vereador Aglayson (PT).

Também na tribuna, Gabriel Aguiar (Psol) elogiou o julgamento por tentativa de golpe e defendeu ser uma "oportunidade única para fazer o que deveria ter sido feito após o golpe de 64". Hoje o Brasil se mostra grande, soberano e democrático e essa festa é celebrada por todas as democracias do mundo".

Outras vereadoras da esquerda, como Adriana Geronimo (Psol) e Professora Adriana Almeida (PT) também repercutiram o assunto na casa legislativa e nas redes sociais.

Do lado bolsonarista, também houve a defesa ao ex-presidente Bolsonaro. O vereador Julierme Sena (PL) chamou o processo de "injustiça" e reforçou: "O povo brasileiro é contigo, presidente". Em foto no plenário da Câmara Municipal, ele usou caneca com os dizeres "#BolsonaroFree".

Assim como Julierme Sena, Priscila Costa (PL) também compartilhou a hastag que vem sendo usada para pedir a liberdade de Bolsonaro nas redes sociais. Ela também chamou o julgamento do ex-presidente de "perseguição suprema". Por sua vez, Inspetor Alberto (PL), pediu orações para Bolsonaro.

A vereadora Bella Carmelo (PL) publicou trecho da fala feita na CMFor onde compara, a exemplo de outros bolsonaristas, os processos enfrentados por Lula e Bolsonaro. Ela alegou ainda que o ex-presidente estaria sendo "perseguido". "Me explica essa matemática da 'justiça'", acrescentou.


Por Diário do Nordeste

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