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Pele da coxa foi utilizada para reparar a lesão

Bebê sofre necrose no pé após suposto erro em medicação intravenosa em Juazeiro do Norte

Foto: Reprodução

Uma bebê de apenas um mês de vida sofreu um grave acidente hospitalar após a suposta administração incorreta de uma medicação intravenosa durante internação no Hospital Infantil Maria Amélia Bezerra de Menezes (HIMA), em Juazeiro do Norte (CE). O caso ocorreu em junho deste ano e evoluiu para necrose no pé da criança, que precisou passar por cirurgia reparadora e segue em tratamento para evitar sequelas permanentes.

O caso veio à tona apenas cinco meses depois, revelado pela família, que decidiu acionar a Justiça. A criança, hoje com seis meses, havia sido internada para tratar um quadro de doença respiratória. Na madrugada do dia 21 de junho, por volta das 5h30, uma técnica aplicou, de forma equivocada, uma medicação intravenosa no pé da bebê.

Segundo o relato da família, o medicamento extravasou para o tecido da região, causando inchaço imediato, formação de bolhas e queimaduras aparentes. A mãe, que acompanhava a internação, percebeu a mudança no aspecto do pé da filha e alertou a profissional responsável, mas afirma que não houve intervenção adequada naquele momento.

De acordo com ela, a técnica teria minimizado a situação, atribuindo a preocupação ao fato de a mãe ser "de primeira viagem”. A equipe só teria agido horas depois, entre 7h30 e 8h da manhã, quando profissionais de outro turno retiraram o líquido extravasado. Contudo, o estado do tecido já havia se agravado. O quadro evoluiu para necrose, tornando necessária uma cirurgia.

A bebê permaneceu internada no Hima até o dia 8 de julho, quando foi transferida para o Hospital São Vicente, em Barbalha. Lá, passou por um procedimento de enxerto, no qual uma porção de pele da coxa foi utilizada para reparar a lesão no pé.

Atualmente, a criança convive com uma cicatriz permanente, dores recorrentes e segue em fisioterapia contínua para tentar evitar limitações funcionais no futuro.

Sumiço de páginas do prontuário

Ao solicitar cópias do prontuário para instruir uma ação judicial, a família se deparou com outro problema: a ausência de registros justamente nos dias em que o erro teria ocorrido, 21 a 23 de junho. As folhas desapareceram, restando apenas os documentos referentes à internação inicial e aos dias posteriores.

Para os responsáveis legais da bebê, o desaparecimento indica possível tentativa de ocultação da falha. Uma ação judicial já foi ajuizada contra o município de Juazeiro, que administra a unidade hospitalar.

Processo pede indenizações e custeio de tratamento

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Letícia Torres, advogada da família da criança, explicou que foi aberta uma ação solicitando indenização por danos morais, estéticos e materiais, além de danos aos pais, que relatam sofrimento intenso durante todo o período.
Foi solicitado ainda que o município arque, com urgência, com todos os custos dos tratamentos necessários, incluindo sessões de fisioterapia.

Até o momento, nenhuma despesa foi assumida pelo poder público. Os custos de terapias e demais cuidados têm sido integralmente cobertos pelos próprios pais.

O que diz o hospital?

A Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro do Norte (Sesau) — responsável pelo Hima — emitiu nota onde "lamentou profundamente o ocorrido e se solidarizou com a família da bebê".

A pasta informou que "ainda não foi formalmente intimada acerca dos fatos relatados. Contudo, diante da gravidade das informações apresentadas na reportagem, adotará todas as medidas cabíveis para apurar o caso junto ao Instituto de Estudos e Pesquisas Humaniza, empresa responsável pela gestão do Hospital Infantil Maria Amélia".

"Reafirmamos nosso compromisso com a saúde da população de Juazeiro do Norte e asseguramos que eventuais falhas que tenham causado danos aos cidadãos serão devidamente responsabilizadas no âmbito administrativo".
Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro do Norte (Sesau)

A Sesau destacou que está engajada na resolução do caso e tomará todas as providências necessárias para prestar o devido acompanhamento e assistência à família.

Por Diário do Nordeste

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