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deixou 62 mortos

Avião da Voepass que caiu em SP teve falha omitida em registro

Foto: Reprodução

Um novo depoimento com dados relevantes para as investigações sobre a queda do ATR 72-500 da Voepass, que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP) no dia 9 de agosto do ano passado, foi divulgado pelo portal G1 neste sábado (2). Entre as informações reveladas, o relato indica que houve omissão no registro de uma falha na aeronave, algo que poderia ter evitado que o acidente acontecesse.

Segundo o portal, um ex-auxiliar de manutenção da companhia afirmou que, na noite anterior ao acidente, o piloto que havia operado a aeronave relatou verbalmente problemas no sistema de degelo, dispositivo essencial para voos em áreas com risco de formação de gelo. Apesar da gravidade, a falha não foi registrada no diário técnico de bordo (TLB), documento obrigatório para reportar ocorrências mecânicas.

– No dia do acidente, quando essa aeronave chegou de Guarulhos para Ribeirão, ela foi reportada verbalmente pelo comandante que trouxe ela. Foi alegado que ela tinha apresentado o airframe fault [alerta emitido quando há problema no degelo] durante o voo. E ela estava desarmando sozinha. Ele acionava [o sistema] e ela desarmava. Coisa que não poderia acontecer – disse.

Segundo o ex-funcionário, a ausência do registro formal fez com que a liderança do hangar ignorasse a pane e mantivesse a aeronave na programação normal de voos. O ex-colaborador foi categórico ao dizer que, se a situação tivesse sido registrada, o acidente certamente teria sido evitado.

– Se o piloto reporta, essa aeronave tinha ficado aqui [em Ribeirão Preto] ou ela não teria ido para o destino final que ela foi. Então, assim, com certeza um acidente poderia ter sido evitado – disse o ex-auxiliar de manutenção.

Ele contou ainda que, naquela madrugada, a equipe de manutenção estava reduzida, já que parte dos mecânicos havia sido deslocada para outro serviço urgente. A caixa-preta confirmou que o sistema de degelo foi acionado três vezes durante o voo de Cascavel até a queda em Vinhedo, mas, segundo especialistas, provavelmente não funcionou.

O depoimento também expôs a rotina da empresa, marcada por pressão para evitar que aviões ficassem parados. Conforme relatado, era comum adiar manutenções por meio de protocolos autorizados chamados de ações corretivas retardadas (ACR). Em muitos casos, os reparos só eram feitos no limite do prazo permitido.

– A empresa não queria uma aeronave parada, eles alegavam que uma aeronave parada era muito prejuízo, questão financeira pra eles. O que eles faziam? Uma aeronave que estava mais meia-boca, eles paravam e retiravam o componente dela pra poder suprir, pra não ficar mais de uma aeronave parada – relatou.

Além de acumular pendências mecânicas, o ATR 72-500 que caiu em Vinhedo já havia apresentado problemas anteriores, como falhas de despressurização e até um incidente de “tail-strike”, quando a cauda da aeronave toca o solo durante pouso ou decolagem. Tripulantes e comissários, segundo o ex-funcionário, já expressavam preocupação com a condição do avião.

A Polícia Federal não comenta a investigação, mas o delegado Edson Geraldo de Souza, que coordena a apuração, explicou que busca identificar as responsabilidades individuais de cada profissional envolvido no caso.

– O que nós precisamos saber, além de identificar quais as causas da queda, é quais são as pessoas que estão diretamente relacionadas a essa queda. Então, é como se nós parássemos, analisássemos aquele ato congelado e tentássemos identificar exatamente quais são as pessoas que estão ligadas com aquele fato – declarou Souza.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) declarou que acompanha as apurações desde o acidente e que todas as denúncias seguem ritos próprios de investigação. Já a Voepass afirmou, em nota, que sempre priorizou a segurança, prestou assistência às famílias das vítimas e segue colaborando com as investigações.

Por Pleno News

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